quinta-feira, 8 de maio de 2008

Experiências dos viajantes nos anos passados

Seguem alguns depoimentos dos visitantes e dos que ajudaram financeiramente ou espiritualmente ficando em casa, mas todos para participar num desses mutirões do – por sinal houve algumas pessoas que queriam dedicar-se já pela segunda ou terceira vez a este mutirão "Projeto Amazônia", organizado pelo Movimento dos Focolares, como expressão pessoal de doação a Deus e a Igreja que pede esta colaboração, dando as férias e parte das despesas de viagens.
Por exemplo, toda a região do Focolare em São Paulo ficou motivado a um empenho, especialmente dos jovens, a conseguir fundos para sanar as despesas das viagens da equipe
A família de Castanhal e os outros visitantes durante a missa na Sé em Santarém
enviada, que ficavam por conta de cada região, como se cada um fosse responsável pela viagem. Com a coleta feita nos encontros das Mariápolis, e em outras ocasiões, foi possível pagar todas as despesas de viagem, e ainda manter um fundo para as próximas viagem... Os que ficaram, viviam a cada dia com as notícias que vinham do fronte, com experiências, fatos, encontros importantes, e isso tudo ia parar num Site WEB, que é visitado diariamente por mais de 500 pessoas. Quando a equipe voltou, fizemos um ajornamento, com fotos, notícias, programas de TV a mais de 350 internos, reunidos no Centro Mariápolis.


Eis algumas das impressões dos jovens que foram:
· ... Me sentia amado e chamado por Jesus para viver ao seu lado como seu discípulo durante todos estes dias. Felicidade, realizada, alegria, satisfação. São palavras que não condiz com o que eu realmente sinto ...
· E ai, realmente a Liliane não existiu, pra quem me conhece sabe que não é fácil para mim falar na frente das pessoas e nem me lançar como primeira pessoa, e olha só as proezas de Deus: Contei a historia do Ideal, cantei, dancei, contei experiências, fiz reunião com os jovens, e até tive que ajudar nas decisões das coisas . Claro que tudo isso pra falar que fui um instrumento e afirmar que era assim que me sentia um instrumento Dele.
· O volto de Jesus na Cruz no seu abandono apareceu no momento que tive que voltar pra São Paulo e deixar tudo aquilo que Ele preparou pra mim. As lágrimas não vão embora é um misto de muita felicidade pela oportunidade que ele me deu e de tristeza, pois gostaria muito de ficar por lá e fazer parte daquela comunidade, se bem que já me sinto parte de tudo aquilo...


Em Pimenteiras - RO, no Rio Guaporé - no fundo se encontra já a Bolivia
Experiências de alguns que viajaram visitando as comunidades na Amazônia:
· Ficamos impressionados com a diversidade de pessoas que encontramos nas três cidades pelas quais passamos, mas todas necessitando de um ideal para suas vidas, algo que não passe. Daí a abertura com a qual muitos receberam nosso convite.
· Algo foi construído pelos locais por onde passamos e o sinal disso foi que sentimos uma imensa saudade daquele povo tão acolhedor quando voltamos no dia seguinte.
· Interessante era que já duas vezes uma família inteira viajou de São Paulo para Porto Velho, dando um importante apoio às famílias là; e no ano passado também uma família inteira com 3 filhos viajou de uma cidade perto de Belém para Santarém.

Experiência de uma comunidade visitada na Amazônia:
Os visitantes chegaram aos poucos; mas sentíamos que era tão forte a unidade, tão forte Jesus no meio, que não havia mais distinção. Éramos todos uma só comunidade - prontos a dar a vida uns pelos outros. Era algo inexplicável. Parecíamos uma só coisa em Deus. Parecia que já convivíamos juntos há anos..., e de certa forma o éramos.
Começávamos a programação com um retiro para todos os internos. ... Fazia-nos grande impressão as experiências dos visitantes, que contavam seu encontro com o Carisma e o Movimento e também a meditação de Chiara sobre a Unidade: ponto de partida para todas as outras coisas. ... depois tínhamos uma semana bem intensa com encontros de formação para grupos distintos.
Muitos consideraram o momento alto do projeto o encontro que tivemos na sexta-feira à noite, que, embora não estivesse no nosso programa, estava nos programas de Deus que nos fez perceber que era necessário reunir os dirigentes e alguns internos, para nos vermos como comunidade e sanar qualquer ferida de julgamento e ressentimento. Se via que era hora de falar e queimar tudo e nos olharmos com olhos novos. Foi um momento muito sublime de reconhecer nossas misérias e nos perdoarmos mutuamente. Todos saiam dali renovados.
Nas pessoas que foram “atingidas”, percebeu-se um desejo de continuar, e existe maior fruto de um projeto do que poder ver nascer um grupo de jovens e também um grupo de adultas? Agora o Projeto Amazônia passou a ser o momento mais esperado de todo o programa do ano. Pois é um projeto que atende a toda a comunidade, que vai a fundo na nossa realidade e nas nossas necessidades. Que nos faz sentir mais fortes, capazes e mais unidos ao Movimento e a toda a Igreja.
Os visitantes e a comunidade local em Porto Velho

Experiência na Prisão de Ji-Paraná - Pós-PA07

Eis uma experiência bonita como fruto após o mutirão PA07 em Rondônia - por sinal vai ser publicado agora na 2ª metade de maio na revista "Cittá Nova" em Itália (nº 10).

Minha experiência é que dia 25 de novembro fiz aniversário!!! E dentro do meu coração algo me dizia que deveria fazer algo diferente; em vez de fazer uma festa para meus amigos, deveria pensar em alguém que realmente naquele dia gostaria de ter um bolo e não podia ter. Meu coração me dizia fazer no presídio, porque era um lugar onde os que estavam presos eram os mais esquecidos. Firme na minha decisão fui até um presídio conversei com o diretor onde colocava meu desejo, ele me dizia que ia passar para o promotor o meu pedido. 5 dias depois meu pedido pela justiça foi negado; não me conformando com a decisão procurei uma colega de faculdade que participa da pastoral carcerária. Ela me dizia: que conversaria com o Diretor do presído e explicaria o meu desejo; dias depois a encontro na faculdade, e sua resposta era sim!!

Chegado o dia , chego ao presídio com o carro cheio de coisas: refrigerante, bolo, e tudo que precisaria para uma festa. Quando chegamos na recepção, o bolo foi cortado por agente penitenciário, enfim tudo foi revistado, depois entramos para uma sala onde fomos revistadas também; depois de sermos revistadas fomos levadas para o pavilhão, onde um agente penitenciário levou a chave e entregou para um preso. Este preso abriu todas as celas e avisou que a pastoral carcerária tinha chegado. Os presos foram para o banho de sol, que é um lugar onde as pessoas da pastoral (que são duas mulheres) fazem a celebração.

Ao entrar no pavilhão, os policias se afastaram da entrada do pavilhão numa distância de mais ou menos uns 15 metros, porque estavam jurados de morte. Quando passei pelo corredor do pavilhão, não acreditei no que estava vendo: um local imundo, sombrio, que me passava muito medo, pois os policiais não tinham entrado com a gente. O risco era demais. Estávamos só - nós, e mais de 80 homens com diversos crimes cometidos. Senti muito medo, pensava que não ia sair viva, chegamos no local onde todos estavam, a pessoa da pastoral me apresentou e disse o motivo pelo qual eu e meu amigo, que também estava aniversariando, fomos fazer lá. O chefe deles me dizia que não era para eu ter medo e que nada ia acontecer comigo, e que eles estavam muito contentes por eu ter lembrado que existia presos, que eram seres humanos também. Começamos a celebração e li o Evangelho. Justamente neste dia era o do Bom Ladrão que estava pregado na cruz ao lado de Jesus. Quando terminei de ler, falei da minha experiência da "Regra de Ouro", e que eles poderiam viver lá também. Depois um deles me dizia, que se o bom ladrão foi para o céu, eles também tinham salvação, porque só Deus conhecia o coração deles. Depois cantamos, comemos bolo. Tinha um detento, que tinha feito aniversário dia 11 de novembro; ele me disse que nunca tinha ganhado um bolo. Senti que eles são muito tristes e vivem sem perspectivas, passam o dia inteiro sem fazer nada, só presos, e saem para o banho de sol, que é um local que faz muito calor. Ficava muito triste em saber que não recebem a comunhão. Eles tem muita sede de Deus, acompanharam a celebração com muita atenção.

No final cada um vinha me agradecer. Me diziam que eles tinham uma irmã de coração, que eu podia sair em paz. Fiquei muito contente, por ter escutado o meu coração e ter a certeza que, o que vale, é o amor para todos.




(Branca de Ji-Paraná, a direita)