quinta-feira, 8 de maio de 2008

Experiência na Prisão de Ji-Paraná - Pós-PA07

Eis uma experiência bonita como fruto após o mutirão PA07 em Rondônia - por sinal vai ser publicado agora na 2ª metade de maio na revista "Cittá Nova" em Itália (nº 10).

Minha experiência é que dia 25 de novembro fiz aniversário!!! E dentro do meu coração algo me dizia que deveria fazer algo diferente; em vez de fazer uma festa para meus amigos, deveria pensar em alguém que realmente naquele dia gostaria de ter um bolo e não podia ter. Meu coração me dizia fazer no presídio, porque era um lugar onde os que estavam presos eram os mais esquecidos. Firme na minha decisão fui até um presídio conversei com o diretor onde colocava meu desejo, ele me dizia que ia passar para o promotor o meu pedido. 5 dias depois meu pedido pela justiça foi negado; não me conformando com a decisão procurei uma colega de faculdade que participa da pastoral carcerária. Ela me dizia: que conversaria com o Diretor do presído e explicaria o meu desejo; dias depois a encontro na faculdade, e sua resposta era sim!!

Chegado o dia , chego ao presídio com o carro cheio de coisas: refrigerante, bolo, e tudo que precisaria para uma festa. Quando chegamos na recepção, o bolo foi cortado por agente penitenciário, enfim tudo foi revistado, depois entramos para uma sala onde fomos revistadas também; depois de sermos revistadas fomos levadas para o pavilhão, onde um agente penitenciário levou a chave e entregou para um preso. Este preso abriu todas as celas e avisou que a pastoral carcerária tinha chegado. Os presos foram para o banho de sol, que é um lugar onde as pessoas da pastoral (que são duas mulheres) fazem a celebração.

Ao entrar no pavilhão, os policias se afastaram da entrada do pavilhão numa distância de mais ou menos uns 15 metros, porque estavam jurados de morte. Quando passei pelo corredor do pavilhão, não acreditei no que estava vendo: um local imundo, sombrio, que me passava muito medo, pois os policiais não tinham entrado com a gente. O risco era demais. Estávamos só - nós, e mais de 80 homens com diversos crimes cometidos. Senti muito medo, pensava que não ia sair viva, chegamos no local onde todos estavam, a pessoa da pastoral me apresentou e disse o motivo pelo qual eu e meu amigo, que também estava aniversariando, fomos fazer lá. O chefe deles me dizia que não era para eu ter medo e que nada ia acontecer comigo, e que eles estavam muito contentes por eu ter lembrado que existia presos, que eram seres humanos também. Começamos a celebração e li o Evangelho. Justamente neste dia era o do Bom Ladrão que estava pregado na cruz ao lado de Jesus. Quando terminei de ler, falei da minha experiência da "Regra de Ouro", e que eles poderiam viver lá também. Depois um deles me dizia, que se o bom ladrão foi para o céu, eles também tinham salvação, porque só Deus conhecia o coração deles. Depois cantamos, comemos bolo. Tinha um detento, que tinha feito aniversário dia 11 de novembro; ele me disse que nunca tinha ganhado um bolo. Senti que eles são muito tristes e vivem sem perspectivas, passam o dia inteiro sem fazer nada, só presos, e saem para o banho de sol, que é um local que faz muito calor. Ficava muito triste em saber que não recebem a comunhão. Eles tem muita sede de Deus, acompanharam a celebração com muita atenção.

No final cada um vinha me agradecer. Me diziam que eles tinham uma irmã de coração, que eu podia sair em paz. Fiquei muito contente, por ter escutado o meu coração e ter a certeza que, o que vale, é o amor para todos.




(Branca de Ji-Paraná, a direita)

2 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Branca!
Fica de parabens pela publicação da sua experiência em Città Nuova, n° 10 - 25 de maio de 2008 numa página dupla 48 e 49 com o título "Compleanno dietro le sbarre" (= aniversário atrás de grades).
Ficou ótimo e estou feliz pra você! Continue assim!
Nuldi