Mas a alegria de servir o Movimento dos Focolares nos impulsionava a superarmos todas as dificuldades. Afinal, era tudo pelo reino de Deus, era fazer tudo por Jesus.
Partida e chegada: numa experiência como esta que nos coloca numa completa prontidão, independente de tão pouco tempo de planejamento, nos faz ajudar a viver o momento presente. Saímos às 04h30min da manhã de casa a fim de chegarmos em tempo no aeroporto para o embarque... no coração a alegria de poder juntos vivermos estes dias num clima de completa entrega a vontade de Deus. No avião indagávamos um para o outro o que fazíamos ali. “Na mente somente um pensamento de Ginetta “. “O mundo grita por Deus...”. ... Assim, entregues a vontade de Deus, chegamos ao Acre depois de quase 8 horas dentro de um avião. No coração uma alegria e a certeza de que Deus nos reservava um período de intensa vida.
Um calor imenso invade o coração com este pensamento. O calor é evidente nesta região tão distante. Saímos do frio de São Paulo de 12 graus para 32 graus. Mas o que importa a não ser de estarmos aqui e bem, prontos a dar a vida por esta região. Logo fomos recebidos por parte da comunidade de Rio Branco. Rio Branco é uma bela cidade. O calor, a falta de edifícios altos, o povo acolhedor, nos faz lembrar muito o interior de São Paulo. Sentimos-nos em casa.
Encontro de retiro: o dia começa bastante agitado na casa de Regina e Antônio, o telefone que não para de tocar, agitação no preparo das atividades que ocorrerão. Até o fogão da casa estava sendo carregado para o sítio aonde aconteceria o retiro... O sítio um belo lugar cheio de árvores frutíferas da região e um lindo açude junto a alguns coqueiros. A casa era simples, feita de madeira como as casas mais antigas do lugar, uma simplicidade de vida que encanta. Nos encontramos sob a sombra das árvores para juntos iniciarmos um belo dia de retiro... Foram momentos lindos com a família de Chiara reunida. Sentíamos todos irmãos. Nos momentos de repouso pudemos conversar com alguns e entender um pouco a realidade da comunidade. Momentos belíssimos de comunhão, de amor recíproco, nos parecia viver como nas primeiras Mariápolis.
De uma carta escrita para São Paulo: "Estamos aqui em Rio Branco, vivendo por este momento da obra neste maravilhoso lugar. Tivemos hoje um encontro de internos num total de 33 pessoas. É uma comunidade pequena mas efervescente, muito animada. Um bom grupo de gen, alguns voluntários e voluntárias e casais de famílias novas. Uma grande lição para nós. O focolare mais próximo é em Manaus... A focolarina que nos acompanhou de Manaus fez a viagem para cá de avião até Porto Velho, e de lá pegou um ônibus numa viagem de 8 horas, vejam só é uma grande lição de unidade a distância. Uma saudação especial a todos
vocês".
Encontros com várias realidades, sobretudo com famílias: ... à tarde vamos nos encontrar em uma pequena comunidade na periferia de Rio Branco. Lá nos encontramos com a Família Viva, um programa para as famílias dos recuperandos da Fazenda Esperança. É encontrar com a dor das famílias, a face de Jesus Abandonado nas suas angustias e com a esperança da recuperação destas pessoas tão amadas. Encontramos-nos com Júlio, o responsável da Fazenda Esperança do Acre, que fica na cidade de Sena Madureira... Conhecemos a família de um rapaz e me fez uma grande impressão o que seu pai nos disse. Ele é um psiquiatra bem sucedido, seu filho é dependente químico a mais de 15 anos. Seu pai tentou todos os recursos possíveis para a sua recuperação, as clínicas mais especializadas do país, com a ajuda de colegas especialistas da área de dependência química, mas nada ajudou. Seu filho só encontra-se agora em recuperação porque encontrou Deus. Foi esta descoberta que o fez encontrar um caminho em sua vida. Pudemos conversar com outras famílias e foi um grande presente cada história e alegria de ver uma luz na vida de seus familiares... Depois fomos a missa e em seguida fizemos mais um colóquio com outro casal. A presença de Jesus em meio era tão forte que deixamos o jantar esfriar na mesa, sequer conseguimos parar para fazermos a refeição. Foi outro momento belíssimo de família. Enquanto fazíamos este colóquio, os jovens fizeram um programa no centro da cidade, foram provar o famoso Tacacá.
Depois de um outro encontro com casais do Movimento: ... foi muito importante esta reunião, pois são estas famílias que levam a Obra para frente nesta região. Todos sentem na distância com o focolare uma dificuldade a ser superada. Dissemos que não deixem o focolare em paz. Mandem email. Comuniquem o que estão vivendo. Façam o focolare participar da vida da comunidade das dificuldades e das alegrias, e que acreditem sempre na Unidade e na presença de Jesus entre nós e na caridade para cada um da comunidade...
Visita na Fazenda Esperança: A comunidade nos preparou uma visita a Fazenda Esperança, fica a cerca de 150 km de Rio Branco, vizinha a uma cidade chamada Sena Madureira. No primeiro momento é um lugar longe de tudo e de todos. Não há vizinhos, somente a floresta e alguma pastagem. O lugar é bastante simples. Fico imaginando, como se pode recuperar alguém num lugar sem conforto nenhum, sem nada...Logo sou respondida por Jesus. Num passeio dentro da casa de madeira, bastante simples, entro em uma pequena capela com a presença de Jesus Eucaristia, vejo que ali está a resposta. Uma emoção me bate, me lembro das palavras daquele pai da reunião de domingo.
Nos encontramos em uma área coberta próximo da casa, junto com os gen e com os recuperando num total de 9 homens e dois internos da Fazenda Esperança, um é o Julio que nós havíamos conhecido no domingo. É uma linda comunhão, nos apresentamos e logo nos fazemos família para acolher cada um. Cantamos junto com eles e contamos como fazemos para viver a palavra, o momento presente e o recomeçar, uma palavra bastante usada por eles. É uma grande troca de experiência. O Júlio nos mostrou uma carta recebida de Chiara uma semana antes da partida dela para o paraíso, e acreditem foi postada no dia 8 de março, assegurando a sua unidade com ele. Uma carta que nos comoveu muito...
Visita num educandário em Boa Vista: ... apesar do cansaço, à tarde nos colocamos a ir até o Educandário, que é bem próximo, foi possível ir a pé. Chegando lá entendi minha inquietação, não podia passar despercebida a condição de tantas crianças pequenas recolhidas naquela instituição. Era um momento de Jesus Abandonado. Lembrava-me o tempo todo das palavras de Chiara que dizia: “Famílias Novas veio para esvaziar os orfanatos..”
Saímos de lá lambuzados de pirulitos e com dores nos braços depois de carregar tantas crianças no colo, mas ainda inquieta com tal situação. À noite na missa o pároco nos pediu que subíssemos ao altar e nos apresentou a comunidade, nos deu uma benção bastante exótica (um grande tapa na cabeça de cada um), nos agradeceu a presença. Fiquei comovida com a acolhida e a abertura dele ao movimento.
Encontro de conclusão e partida: ... este 2º domingo seria um dia bem corrido, teríamos o encontro e o preparo para a viagem de volta. Começamos o encontro no mesmo clima da semana. Estávamos em família. Já começávamos a sentir o final destes dias... Almoçamos juntos de marmitex. Foi bem animado. Cada um preocupado com o outro. Assistimos a partida da Cíntia e da Fátima, que deveriam pegar um ônibus de volta para Porto Velho, para embarcar de madrugada no avião com destino a Cuiabá, Brasília e depois São Paulo. Foi um chororó. À tarde tivemos então o tema de Jesus abandonado feito pelo Mauro e ilustrado com a experiência do Leonel e a minha. No encontro entre os grupos depois, viu-se que surtiram frutos. Encerramos assim o encontro, felizes e com a mensagem de Chiara do colegamento “Jesus em Meio”... Fomos todos para a missa e o pároco aproveitou para nos abençoar novamente e se despedir de nós.
Daí para frente foi uma grande corrida. Despedidas, malas para se fazer, e caminho para o aeroporto. Mais uma noite sem dormir. Embarcamos as 2:00 hs com destino a Brasília e depois São Paulo. Chegamos em São Paulo às 9:30 exaustos, mas porem felizes, trazendo dentro de nós um amor absoluto por esta porção de Obra que deixamos em Rio Branco. Amor vivo, que não se cancelará.
Impressões:
Tudo neste período foi importante. Desde a partida de Chiara, sinto dentro de mim a responsabilidade de viver ainda melhor a espiritualidade da unidade. Os dias vividos em Rio Branco permitiram viver por 24 horas diárias pelo Ideal de Chiara. Sem dúvida ganhamos mais do que doamos e ganhamos muito. A presença de Jesus entre nós é a luz que ilumina cada momento. Luz esta, que nos permite ver a escuridão cultural dita por Chiara.
O tesouro que possuímos aqui na Mariápolis Ginetta, depois desta experiência, pareceu-nos mais brilhante do que nunca, mais precioso, mais verdadeiro. A alegria de poder se doar completamente ao Movimento, é uma experiência que deveria ser experimentada por cada membro... Missionários do amor de Chiara, experiência Divina!
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