terça-feira, 12 de agosto de 2008

Relatório do Grupo em Curupaití (Viseu - PA)




Início e chegada:
Para Curupaiti foram 20 pessoas: dois focolarinos de vida comum e dois casados, cinco gen 2, um gen 3, um gen 4, três de famílias novas, cinco voluntárias e um aderente. Somos de diferentes lugares: Benevides, Castanhal, Capa-nema, Bragança do estado de Pará, Garanhuns - PE, Tere-sina - PI, Maués - AM, São Luis - MA e da Holanda. Todos com o desejo de levar o Ideal através do serviço ao próximo. Saímos da Mariápolis Glória na 6ª-feira, 18 de julho com destino a Curupaiti, fizemos uma parada em Castanhal e em Bragança e, pouco a pouco, íamos formando o nosso grupo. Deu-se inicio a nossa aventura. De Bragança para Curupaiti pegamos um ônibus local e os nossos missionários estavam em meio a galinhas, sacos de farinha, de laranja, malas pelo ônibus... Mas nada nos tirou a alegria de nos lançar. Nossa recepção foi com muita alegria, um povo simples e muito acolhedor. Dirigimo-nos ao Centro Comunitário, chamado “Casulo”, onde foi o nosso “quartel general” para reuniões, refeições, missas e também a Mariápolis. Não ficamos em alojamentos. Todos os missionários foram distribuídos nas casas dos moradores da própria comunidade, essa foi uma grande experiência, pois nos sentimos membros da própria comunidade, uma única família.
Retiro inicial: no dia seguinte a nossa chegada, demos inicio a um retiro onde pudemos nos fortalecer com a presença de Jesus em Meio junto com os dirigentes da comunidade. Dividimos as tarefas e montamos nossa estratégia para missão que compreendia: visita às casas das comunidades de Curupaiti e seus arredores (Tatajuba, Carapatinho, Oiteiro, Cumaru); proporcionar momentos de formação às crianças, adolescentes, jovens e casais (famílias); promover o ecumenismo; visitar o local onde faleceu Letícia (focolarina) e no final o grande encontro da Mariápolis.
Atividades durante a semana
: de 21 a 25 de julho fizemos as visitas, conseguimos atingir aproximadamente 340 casas, cada uma delas com cerca de cinco pessoas tendo contato em média com 1700 pessoas. As visitas foram feitas sempre com mais de um missionário para assegurar a presença de Jesus em Meio. Íamos sempre no propósito de “ser” vazio, livre para entender o que Deus nos pedia para cada situação. Escutamos mais que falamos, demos conselhos sempre à luz do Ideal e em muitas situações pudemos encaminhar para confissões, convite para missa diária, para nossos encontros e para a Mariápolis. Foi uma experiência de amor e dor. Deparamos-nos com a dura realidade de casamentos irregulares, muitas adolescentes grávidas e solteiras, situações de droga, alcoolismo (ociosidade para os jovens), alto índice de crianças não batizadas e até miséria.
> “Eu caso; eu também” dizia um casal se olhando nos olhos que estão juntos há 9 anos.
> “Estou esperando meu marido com o peixe que foi pescar para comermos”
dizia com suas 3 filhas pequenas.
Mesmo diante de tudo isso presenciáva-mos um povo de muita fé e generosidade, acolhedor e esperançoso.
> “Obrigada por fazer Deus entrar na minha casa” dizia Dona Francisca com um sorriso no rosto.
Uma das missionárias deparou-se com uma senhora diabética, que devido o avanço da doença teve uma perna amputada entrando em um estado de depressão por não aceitar a realidade, a missionária tocou-se com a situação da senhora e colocou em comum com o grupo a necessidade dela, e logo surgiu uma cadeira de roda.
No dia 22 fizemos um encontro com as crianças, participaram 150, onde vivenciaram um desenho sobre a importância de ajudar as pessoas e como fazer pequenas experiências; foram distribuídos crachás e o ”Dado do Amor"; ao fundo, um lindo painel confeccionado por um artista da terra, com o desenho do Pepê e Jotabê e a frase: A Arte de Amar.
> “Dei 10 centavos na coleta da missa, minha mãe encontrou 50 centavos e me deu, então lembrei do ‘Dai e vos será dado’.” (Diandra, 8 anos).

Encontro para adolescentes: na quarta feira (dia 23) conduzido pelos Gen 2, realizamos um encontro de aprofundamento para 35 adolescentes que já tinham um contato com o Ideal, tocamos, cantamos, aprofundamos um ponto da arte de amar: Ver Jesus no irmão, enriquecemos com troca de experiência sempre na luz do evangelho e por último uma roda de conversa sobre temas relacionados a idade, como: ficar, namorar e relacionamento com os pais.
> “Valeu esse momento, pude pensar mais em minhas idéias” (um jovem,15 anos)

Encontro dos jovens: no mesmo dia às 20:00h simultaneamente aconteceu o encontro dos jovens e da família. Conduzido também pelos gen 2, o encontro com os jovens teve a presença de aproximadamente 55. A noite começou com canções animadas e em seguida foi apresentada uma reflexão sobre a escolha de Deus apresentada por um focolarino vindo do estado do Piauí; contamos algumas experiências sobre namoro, sexualidade, perdão e drogas. No final fizemos um face a face onde pudemos responder as várias perguntas dos jovens.
> “Serviu para mim esse momento, no dia seguinte procurei meu namorado e lhe sugeri agirmos como aquelas idéias apresentadas” (uma jovem, 22anos)

Encontro com as famílias: foi apresentado por um casal de focolarinos de Pernambuco. Estavam presentes cerca de 90 pessoas. A maioria casais; mas também viúvos, mães solteiras (na maioria). Foi aprofundado as realidades de Jesus na família e Jesus no irmão. Todos mostraram muito interesse, fazendo um silêncio muito acolhedor. Em seguida para concretizar o tema, alguns dos nossos contaram experiências ilustrando diversas situações como: A importância do diálogo na família, a valorização do ser e não do ter, a percepção de que o outro deve ser amado mesmo em uma situação de separação. Finalizando a noite, suscitamos algumas perguntas sobre o relacionamento entre marido e mulher provocando um diálogo muito participativo.
> “Morávamos na mesma casa, mas há alguns anos não tínhamos mais contatos físicos. Participando da reunião nos reconciliamos”.

Contato ecumênico: para concretizar o que “todos sejam um” procuramos criar um relacionamento fraterno com a Igreja Evangélica. Falamos com o pastor Eli Guimarães sobre o Projeto Amazônia e a espiritualidade que está por trás; ele ficou muito contente falando também dos projetos da sua igreja. No sábado tivemos a alegria de tê-lo entre nós na Mariápolis.
> “Somos irmãos, filhos do mesmo Pai, que bom seria se todos procurassem Deus ao menos uma vez por semana”. (Pastor Eli)




Comemoração: um dos momentos fortes foi a visita a ponte onde em 31.07.1997 partiu a focolarina Letícia em um acidente de Kombi. Fizemos uma bela oração e colocamos uma cruz, que foi entregue em uma missa a um dos missionários, em uma das colunas da ponte.
> “Não conhecíamos Letícia nem a espiritualidade do Movimento dos Focolares. Foi minha família que prestou socorro no acidente e hoje todos os meus familiares participam.” (Dina Paixão)

Encontro Mariápolis: no 2º.final de semana aconteceu a nossa Mariápolis, tendo como tema central “Sejam uma família” (estampada em um painel muito bem feito por um artista local) e animada por um som e uma banda, que foi sendo construída passo a passo. Como percebemos o grande número de crianças na comunidade, fizemos paralelamente uma “Mariápolis para as crianças” em um colégio próximo. Recheada com muita brincadeira, bombons, experiências com o “Dado do Amor”. Foi coordenada por um casal de Famílias Novas de Bragança com ajuda de outros. Na abertura foi explicado o projeto Amazônia e introduzido o vídeo sobre a história do Movimento dos Focolares. Também nesse momento inicial recebemos a visita do pastor Eli da Assembléia, dando um timbre ecumênico ao nosso encontro. Voltamos do intervalo com nossas canções e em seguida com três experiências sobre o encontro pessoal com Deus.
Após o almoço continuamos o programa com o tema: A Palavra, que foi enriquecido com três experiências, uma sobre o desapego contada por um gen; outra sobre a recomposição da família após uma separação contada por uma voluntária; e outra sobre a descoberta da vocação por um sacerdote. Na reunião de grupo, não faltaram comunhões e se percebia o quanto as experiências que foram contadas por nós tinham sido absorvidas.
> “... nem sei se estou preparada para dar uma coisa que ganhei, como fez aquele menino...”
> “Foi forte para mim a experiência do Padre, que ouviu forte o chamado à vocação e não desistiu mesmo em um período de grande dúvida”.
> “Foi bacana escutar a experiência da separação, porque tem muito aqui na comunidade”, comentaram ...


Depois da reunião de grupos nos preparamos para a missa, onde se percebia o zelo da comunidade pelas coisas de Deus. A noite fizemos nossa Noite Cultural cheia de muitos números: peças teatrais, canções, poesias, tudo com um clima de Jesus em Meio e muita alegria e descontração. Iniciamos nosso último dia com a Santa Missa (com 600 fiéis). O Centro estava repleto. Após a missa um casal da comunidade introduziu o tema: Efeitos da Palavra, feito por um focolarino. Dando continuidade assistimos a dois vídeos: um era uma entrevista com Chiara Lubich e outro sobre seus últimos momentos aqui na terra. Nos recolhemos e deixamos o microfone aberto para as impressões, quanta pérola surgiu e logo um forte clima se sentia.
> “ Este encontro foi uma das maiores descobertas para minha vida. Já vivo há muito tempo participando da comunidade,mas foi só agora que descobri o significado da palavra Amor ao próximo. Tenho certeza que esse encontro foi o momento da minha conversão, ou seja, a minha doação, corpo, alma e espírito em primazia da vida e do outro. Pois, aprendi a ver o irmão com os olhos de Jesus. Ver Jesus no outro e amar... amar, sem medida... Percebendo o quanto vocês amam sem limites e se doam em benefício do próximo, ajudou-me a despertar esse amor adormecido que existia em mim. Já amava, porém de maneira errada. Foi Deus que colocou vocês na minha vida, muito obrigado por conhecê-los, por viver esses dias ajudando-me a conhecer o amor de Deus nas pequenas coisas. Quando estiverem em oração, lembrem-se: orem por mim, por essa comunidade e que este meu sim ao Novo Projeto possa ser para o resto da minha vida. Beijos desse irmão que vai ficar, mas vou guardar no meu coração e nas minhas orações, esse amor, amizade e gratidão por vocês.” ( líderes da comunidade).

> “Não participei por completo, mais o pouco que eu participei serviu para abastecer de novo o tanque, para encarar os trabalhos da comunidade, do grupo de famílias e outros que estão por vir. Mas principalmente o fato de conhecer pessoas maravilhosas e conviver com elas por alguns dias, pessoas que com certeza nos ajudam a construir cada vez mais Jesus em meio em nossa família, em nossa comunidade”. (Antonio)

> “Apesar de não ter participado do início do encontro, mas no momento que ali cheguei senti Jesus presente no meio daquele povo. A emoção tocou dentro de mim e vi que não só em mim mas em muitos outros irmãos que se encontravam ali presentes. A emoção de alguns jovens e até mesmo de focolarinos como Fernando que a tantos anos participa do movimento, aquele choro, aquele sorriso, aquele Jesus ali presente em forma de emoção, onde contagiou todos os que se encontravam em seu nome para levar o amor, a compreensão...” (Acleson).

Conclusão:
Não saímos os mesmos e acreditamos que Curupaiti também não será a mesma. O amor foi sentido e logo nos movia cada vez mais, a providência que sempre se fez chegar era um indicativo que Deus apoiava nosso projeto com boi, galinhas, peixes, transportes... O amor que sentíamos nos fazia sair de nós mesmos, famílias que nos davam o pouco que tinham, mas tudo. A comunidade ficou sedenta de Deus, foram mais de noventa confissões, muitas reconciliações, descobertas... Dormíamos sempre tarde, tanto se renunciava por amor, e no final, sorrisos e mais disposição para seguir em frente... a semente foi construída. Lágrimas e promessas de continuidade reafirmaram o desejo de não deixar morrer tudo o que sentíamos, tanto que nasceu um grupo de aprofundamento, para seguir adiante com esse Ideal. Esse projeto realmente foi pensado por Deus, vitorioso.




(Fernando Luna & Berenice, Rafael / Garanhuns - PE)

2 comentários:

Unknown disse...

Precisamos de mais voluntários para irmos sempre mais ao encontro de Jesus Abandonado.
"Somente amar, não mais pensar..."

Carlos,Terezinha e Caio - Famílias Novas - Bragança - Pará

Égua do Mundo Estranho disse...

Olá, não sei se vcês lembrarão de mim, mas eu sou o Paulo Renan, irmão do Rômulo, e participei daquela peça teatral engraçada que fizemos lá em curupaiti, lembram? Estava olhando seus depoimentos sobre minha cidade natal e fiquei emocionado pelo o que vocês acharam sobre minha cidade, sobre o que a comunidade fez por vocês. Espero que vocês voltem mais e queriam ter mais contatos com vocês, via orkut, msn, sei lá...qualquer coisa, por favor escrevam para o meu e-mail, paulo_dymy@hotmail.com, ficarei muuuuuuito grato com suas respostas.Obrigado!!!